No mês de outubro próximo, o Shopping Estação Cuiabá, empreendimento de propriedade da Allos, junção de negócios entre a BrMalls e Aliansce Sonae Sonae, que tem a frente dos negócio o CEO Rafael Sales, comemora 5 anos de presença na capital do estado de Mato Grosso. O empreendimento que chegou a cidade com um projeto arquitetônico moderno e inovador trouxe consigo além de marcas renomadas no mercado e uma postura agressiva de competitividade que abalou os demais shoppings da cidade, provocando uma migração em massa de lojistas dos shoppings mais tradicionais de Cuiabá, para o "novato", que já chegou anunciando gratuidade no pagamento do estacionamento.
Quem tem costume de passear pelo empreendimento com mais frequência, tem percebido o aumento exponencial de lojas fechadas, além de uma diminuição no número de frequentadores, corredores vazios, sobretudo nos dias da semana e os estacionamentos "desertos".
Para entender melhor a situação a equipe de jornalismo entrou em contato com alguns lojistas que já não encontram-se instalados no Shopping Estação e com outros que encontram-se na fase de renovação contratual, conhecida entre os empresários do ramo, como "renovatória".
Dentre vários pontos apontados como causa para essa migração no sentido contrário - agora muitos dos lojistas que pagaram para entrar, rezam para que o prazo do contrato se encerre, para saírem sem a cobrança da multa por quebra de contrato - estão buscando por espaços comerciais nos outros shoppings da cidade, que têm visto as suas taxas de desocupação de espaços comerciais diminuído e a procura aumentado, num movimento contrário ao que tem acontecido no Estação, onde cada vez mais, percebe-se tapumes adesivados com propagandas do próprio shopping tomando lugar das fachadas e vitrines ou até mesmo no comércio de rua, como forma de diminuir custos operacionais - uma vez que o aluguel no shopping é alto e inviabiliza os negócios, impactando na rentabilidade dos negócios, fugir do reajuste contratual que, segundo relatado podem chegar a 30% de aumento, a queda no fluxo de frequentadores, aumento no valor do estacionamento e, sobretudo, o time que está a frente da atual administração do empreendimento, que tem se trancado para o diálogo com os operadores e adotado postura de intransigência e falta de flexibilidade para com os parceiros lojistas, bem diferente da utilizada quando chegaram, onde ofereciam propostas bem interessantes e atrativas para tirar os lojistas dos shoppings concorrentes.
O Shopping Estação têm se envolvido em polêmicas recentes que viraram notícias nos blogs e sites de notícias do estado e da capital. As mais recentes estão relacionadas a ações judiciais de despejo e execução pelo shopping Estação contra lojistas - que alegam cláusulas abusivas má fé processual e excesso de execução - e por último ganhou mais uma vez destaque, quando tornou-se pública a informação de que o Shopping possui uma dívida milionária junto à prefeitura de Cuiabá, referente a impostos não recolhidos nos anos de 2014, 2015, 2016, 2017 e 2018, onde o município ajuizou ação de execução fiscal em 2019, e o Shopping recentemente, para afastar o risco de penhora em razão da dívida que atualmente é de aproximadamente cinco milhões e meio de reais, apresentou a justiça um título de garantia com vencimento em junho de 2028 - daqui a cinco anos.
Em conversa com um lojista que preferiu não se identificar, o mesmo alegou que "o Shopping se coloca numa posição onde todas as garantias e seguranças ficam para eles, e os lojistas assumem todos os riscos. A prova disso é a intolerância da administração nas negociações, seja de pendências de aluguéis, seja no processo de renovação contratual, onde não aceitam o argumento de queda no fluxo e receita por parte dos lojistas, mas que no entanto, no processo de execução movido pela prefeitura em desfavor do Shopping, eles alegam e tentam justificar o não pagamento ao município à queda das receitas. Isso é no mínimo contraditório, uma vez que para nós lojistas, eles alegam sempre que os números de frequentadores e vendas só aumentam. Ou seja mente ou para a justiça ou para nós, quando fala que não há queda de receita."
Continua..."essa administração distanciou-se muito dos lojistas. No período da pandemia, com o Shopping fechado e as nossas lojas também, eles sempre entravam em contato, para oferecer descontos e pedir para pagarmos mesmo sem funcionar, uma vez que eles estavam trabalhando, mesmo com equipe reduzida mas estavam. Depois que veio a reabertura, trocaram praticamente todo mundo. Ninguém consegue falar por ligação, mensagem ou e-mail. E até mesmo pessoalmente ficou difícil. Estão sempre em reunião - pelo menos é o que dizem - e as promessas de retorno nunca se concretizam. Muitas das vezes os assuntos não são nem específicos das nossas operações...questões relacionadas ao condomínio, assuntos para o bem comum, como manutenção dos banheiros, que ultimamente com frequência têm se encontrado em condições de abandono, com descargas, torneiras ou portas quebradas, vasos entupidos, mau cheiro...".
Pelo que foi apurado pela equipe de jornalismo seja por meio de pesquisas, consultas ou em conversas com lojistas e ex lojistas, o Shopping Estação deve continuar sendo notícia por algum tempo ainda, uma vez que a insatisfação e ações judiciais só aumentam, assim como denúncias junto ao Ministério Público do Estado e Ouvidoria e Corregedoria do TJMT.
No meio dessa queda de braço os demais shoppings e proprietários de lojas de rua saem ganhando. Uma vez que os lojistas como alternativa têm buscado num movimento crescente essas opções. Prova disso são os investimentos feitos pelos concorrentes e anúncios de inaugurações ainda para o ano de 2023 de novas operações ou operações que têm buscado investir em ampliação e transferir para outros centros comerciais.
Fonte: Da redação
Data: 06/11/2023