O governador Mauro Mendes (União) revelou que o governo não tem intenção de comprar o prédio da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, conforme sugestão da Assembleia Legislativa, para pagar a dívida trabalhista de 912 ex-funcionários da unidade hospital. A gestão trabalha com a possibilidade de desativar o hospital, sob a responsabilidade do Poder Executivo, tão logo consiga inaugura o Hospital Central, localizado no Centro Político Administrativo da Capital.
A proposta para comprar o hospital surgiu em reunião do Colégio de Líderes da Assembleia com o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo, na quarta-feira (27). As dívidas trabalhistas somam R$ 48 milhões. Caso não tenha acordo com o governo, será feito o leilão do prédio para pagamento, conforme entendimento da Justiça do Trabalho.
O presidente da Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social da ALMT, Lúdio Cabral (PT), sugeriu ao secretário a compra do imóvel para quitar a dívida. O governador disse que o Estado tem muitos gastos com a manutenção do prédio da Santa Casa. E, com a inauguração do novo Hospital, não vê a necessidade de manter três hospitais de grande porte em Cuiabá.
"Aquele prédio está sendo usado momentaneamente [...] quando abrirmos o Hospital Central, grande parte dos serviços ofertados hoje na Santa Casa serão transferidos para o novo hospital", disse Mauro.
O Estado interveio na administração do hospital, em 2019, quando fecharam as portas após uma grave crise financeira. Mauro jogou ainda citou que a culpa da Santa Casa ter tido o problema financeiro foi do atual prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB) que geriu mal a instituição. "Era do município e a prefeitura deixou fechar, causando um colapso gigantesco na cidade", disse.
O pedido para o governo comprar o prédio da Santa Casa será formalizado e apresentado ao Executivo ainda este mês.
Conforme o presidente Assembleia, se não houver uma intervenção do Estado, o prédio vai a leilão e isso vai ocasionar praticamente no fim da Santa Casa. Estamos propondo que o governo adquira essa área, pague a dívida trabalhista e que lá continue a funcionar a Santa Casa como sempre foi, diz Botelho. "Isso é reconhecer a importância histórica do hospital não só para Cuiabá, mas para todo o estado", acrescentou durante a reunião no Legislativo.
206 anos de um legado em MT
De acordo com a juíza do trabalho da Secretaria de Apoio à Efetividade da Execução, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-23), Eliane Xavier de Alcântara, o prédio da Santa Casa está avaliado em R$ 34 milhões. O valor é inferior à dívida com os ex-funcionários, que é de R$ 48 milhões. Eles disseram que estão dispostos a abrir mão do montante da ação trabalhista para terminar o imbróglio.
A história da Santa Casa se confunde com a de Cuiabá. São 206 anos de atendimento e a primeira construção imponente da cidade e responsável pela ocupação do bairro que hoje é chamado de Bandeirantes, mas que inicialmente era conhecido como Mundéu, por sua grande extensão.
Além de ser um hospital, no início do século 19 a Santa Casa tinha outra importante função: acolher crianças abandonadas.
"Queremos manter a Santa Casa funcionando. Não queremos correr o risco de, quando o governo inaugurar o Hospital Central, eles fechem a Santa Casa, porque aí não resolve o problema assistencial da população, defendeu. Nenhuma outra unidade é capaz de comportar todos os serviços oferecidos pela instituição", disse o deputado Lúdio Cabral.
Fonte: Da redação
Data: 29/09/2023