Mato Grosso pode negociar vagões do VLT com a Bahia.


Após quase 10 anos que desembarcaram em Cuiabá, os vagões do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que era tido como a obra a revolucionar o sistema de transporte público da capital mato-grossense em atendimento às demandas da Copa do Mundo de 2014, pode ter um novo destino: Salvador - ou seja, a 2.500 km de distância do pátio de manutenção do modal, localizado em Várzea Grande, Região Metropolitana da Capital e onde ficam abrigados os 40 vagões comprados à época ao custo de R$ 1,4 bilhão. 

Inutilizados e paralisados desde então, Mato Grosso e Bahia ensaiam a negociação dos desses vagões, trilhos e outras peças do modal, que podem servir ao VLT que será implantado no subúrbio de Salvador. A informação foi publicada inicialmente pelo Jornal A Gazeta e confirmada pelo Olhar Direto junto ao secretário da Casa Civil do Estado da Bahia, Afonso Florence.
 
Na última semana, o Tribunal de Contas da União (TCU), por meio de uma portaria, instituiu um grupo de trabalho para buscar uma solução consensual quanto à destinação de equipamentos rodantes e acessórios do VLT do contrato rescindido pelo Estado de Mato Grosso. Além de Afonso, também integram o grupo o secretário de Estado de Fazenda de Mato Grosso, Rogério Gallo, e outras autoridades dos Tribunais de Contas da Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco. 

No ano passado, o Site, havia mostrado que o governador Mauro Mendes ofereceu vagões do VLT para o prefeito Eduardo Paes, do Rio de Janeiro. No entanto, as negociações não avançaram.

 

Em entrevista, o secretário Afonso Pena afirmou que o governo da Bahia decidiu romper o contrato que tinha com a Skyrail, concessionária responsável pelo serviço, após encontrar dificuldades em costurar um novo acordo com a empresa. Com isso, em meio a uma nova licitação que será aberta futuramente, Afonso declarou que a Bahia foi incluída no grupo criado pelo TCE junto a Mato Grosso pelo fato do estado ter interesse em adquirir novos vagões. 

 

“A Bahia foi chamada porque é de conhecimento público que a gente tem interesse em comprar trens. Essa é uma iniciativa inédita  do TCU de mediar conflitos e encontrar soluções para mediar problemas”, disse Pena à reportagem.

“O TCU está procurando encontrar os mecanismos jurídicos e também atender aos órgãos de controle. Claro que vai haver uma negociação entre os estados, mas é um processo que não vai ser muito rápido”, acrescentou.   

 

Questionado a respeito de futuras negociações, o secretário pregou cautela e afirmou que o que há de concreto encontra-se exclusivamente na portaria do TCU. No entanto, admitiu que há interesse das autoridades baianas em adquirir os vagões e frisou que reuniões futuras devem determinar novas diretrizes de atuação. 

 

“Estamos no patamar da portaria faz uma semana. Imagino que venha ter alguma reunião [futuramente]. Há a expectativa que aconteça [compra dos vagões], mas não foi iniciada nenhuma negociação. O status atual é esse”,  disse.  

Segundo o governo de Mato Grosso, a substituição do VLT pelo BRT foi tomada após consulta pública e audiência pública para apresentar os estudos das modelagens técnica e econômico-financeira. De acordo com o Paiaguás, foram esses estudos que subsidiaram a escolha do governador Mauro Mendes (UNIÃO) pelo BRT. 

Após uma longa batalha travada judicialmente entre Mendes e o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou em definitivo as obras de implantação do BRT em dezembro passado. 

 

Após uma década paralisadas, as obras foram retomadas em agosto último, começando por Várzea Grande. O primeiro passo foi a retirada dos trilhos do VLT, para em seguida dar início a concretagem das pistas que serão exclusivas aos ônibus do BRT. No momento, as obras se concentram na avenida da FEB, também em VG, com interdição parcial da via. A previsão é de que a obra seja finalizada em dois anos e meio.

 





Fonte: Da redação
Data: 03/09/2023