93 Mortos em Incêndio no Havaí, EUA


'Fervura global': incêndios no Havaí deixam 93 mortos, o pior desastre do tipo nos EUA em 1 século

O número de vítimas fatais dos incêndios no Havaí, os mais letais em mais de um século nos Estados Unidos, chegou a 93 pessoas neste domingo (13). A cifra, porém, ainda pode aumentar, de acordo com as autoridades locais.

O desastre ocorre depois de a América do Norte ter sofrido vários fenômenos climáticos extremos nos últimos meses, desde incêndios florestais recordes no Canadá até uma onda de calor que atingiu o sudoeste dos Estados Unidos

Europa e algumas partes da Ásia também sofreram com ondas de calor, inundações e grandes incêndios. Os cientistas dizem que a mudança climática causada pela ação do homem agrava os desastres naturais, tornando-os mais comuns e letais. 

'A era da fervura global chegou', afirmou em julho o secretário-geral da ONU, António Guterres, depois da confirmação que as três primeiras semanas do mês foram as mais quentes já registradas.

No Havaí, as causas exatas das chamas ainda são desconhecidas, mas o que se sabe é que o tempo excepcionalmente seco e fortes ventos na região ajudaram a alimentar o fogo e a deixar a vegetação da ilha de Mauí altamente inflamável. 

Segundo dados do governo dos EUA, cerca de 14% do estado do Havaí está enfrentando uma seca severa ou moderada, o que traz condições bastante propícias para os incêndios florestais.

Maior tragédia em 100 anos

Este é o incêndio mais mortal nos Estados Unidos desde 1918, quando 453 pessoas morreram em Minnesota e Wisconsin, de acordo com o grupo de pesquisa sem fins lucrativos Associação Nacional de Proteção contra Incêndios.

Os incêndios devastaram mais de 800 hectares em duas ilhas do arquipélago e obrigaram à retirada de milhares de pessoas. O fogo começou na madrugada da última terça-feira (8), e seu rápido avanço colocou em risco mais de 35.000 pessoas em várias localidades da ilha do Mauí, informou a Agência de Gestão de Emergências do Havaí.

Apenas uma pequena parte da área queimada pôde ser vasculhada em busca de vítimas. 

"Nenhum de nós sabe ainda a magnitude" do desastre, reconheceu o chefe da polícia do Maui, John Pelletier.

O incêndio afetou mais de 2200 estruturas no povoado costeiro de Lahaina, no oeste do Mauí, informou a Agência Federal de Gestão de Emergências dos EUA (FEMA), estimando também perdas financeiras de US$ 5,5 bilhões (cerca de R$ 27 bilhões na cotação atual). 

O calor das chamas era tão forte que os corpos recuperados são difíceis de identificar, afirmou Pelletier, acrescentando que apenas dois deles puderam ser identificados por enquanto. 

O incêndio "fundiu o metal", relatou o chefe de polícia, que chamou os familiares dos desaparecidos para fazerem testes de DNA para tentar identificar os restos mortais encontrados.

Críticas ao governo local

As críticas à reação das autoridades são cada vez maiores, pois os moradores reclamam da falta de alertas sobre a chegada do incêndio, que deixou dezenas de pessoas presas na cidade turística. 

A montanha atrás de nós pegou fogo e ninguém nos disse. 
— Vilma Reed, moradora de 63 anos que teve sua casa destruída.

'Subestimamos a velocidade do fogo'

O condado do Mauí informou pelo menos 93 mortes na noite de sábado, atualizando o balanço anterior de 89 óbitos. 

O governador Josh Green alertou, entretanto, que o número oficial de mortos deve aumentar. "Vai continuar aumentando. Queremos preparar as pessoas para isso", advertiu. 

Green defendeu ainda trabalho das autoridades e disse que a situação se complicou porque vários incêndios aconteceram ao mesmo tempo, alimentados por fortes ventos. 

"Com essa tempestade, duvidamos de que teríamos conseguido fazer algo mais com um incêndio tão forte e rápido como esse", afirmou.





Fonte: G1
Data: 13/08/2023